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sexta-feira, 12 de abril de 2013

A Ilha das Tartarugas II

História

A Ilha das Tartarugas II


Alberta – Estalagem
Fim da Tarde

Adentrando a estalagem Lin dava uma olhada geral. Uma estalagem simples, porém bem organizada, com vasos de flores e cheiro de lavanda. Ela se aproximava do meio do saguão enquanto olhava os quadros nas paredes.

Balconista da estalagem: “Olá, bem vinda à Estalagem do Pescador! Em que posso ajudá-la?”
Disse a mulher de avental atrás do balcão.

Lin: “Oi, eu procuro por alguém... Um idoso que foi marinheiro. Talvez conhecido como velho lobo do mar?”

Balconista da estalagem: “Você vai ter que ser mais específica.” – apontava para as pessoas que estavam no saguão.

Lin deu uma nova olhada em volta, porém dessa vez reparando nas pessoas. Eram todos idosos, alguns de bobeira outros jogando cartas ou batendo papo.

Balconista da estalagem: “Não é a toa que a estalagem se chama ‘do Pescador’ muitos pescadores aposentados moram aqui permanentemente. Eles preferem se manter numa pensão do que em um asilo. Ser um homem do mar durante tantos anos acaba tornando muitos deles lobos solitários de verdade.”

Lin: “Qual o seu nome?”

Balconista da estalagem: “Eu sou Jennie.” – Disse sorrindo.

Lin: “Jennie, a pessoa que procuro talvez saiba algo sobre a Ilha das Tartarugas.”

Jennie: “Ah... O Vovô Tartaruga?”

Não poderia ser tão óbvio assim. – Pensou Lin.

Lin: “Vovô Tartaruga?” – Falou sem graça.

Jennie: “Claro, ele só sabe falar disso. Bom na verdade ele fala muitas coisas, mas essas histórias sobre tartarugas renderam essa fama a ele. É no quarto comunitário a direita, não tem erro.”

Incrédula com como tudo indicava estar dando certo depois de uma tarde perdida a algoz andava em direção ao quarto.

Dentro do quarto várias camas vazias e apenas um velho revirando as gavetas.
Velho: “Onde foi que coloquei?” – Falava ele em voz alta enquanto tremendo, procurava por algo.

Só espero que não seja outro velho tarado. – Lin pensava aflita enquanto batia na porta aberta, já estando dentro do quarto.

O velho olhou pra trás viu Lin e logo foi dizendo após um arroto.

Velho: “*BUUURP* Olha, se você me perguntar, eu não concordo mesmo com esse povinho que anda por aí... – Segurava outro arroto e diz – ...imagina que Alberta é o centro de comércio de Rune Midgard! Pense bem, o centro comercial de qualquer lugar, além de ter um mercado de trocas, lojas, pessoas... DEVERIA TER UM BOM BAR! Mas não... Só tem essa espelunca aqui. Poxa, a gente bem que merece coisa melhor... *BUUURP*” – Reclamava o velho nitidamente bêbado, que após reclamar continuou a procurar nas gavetas.

“Mais essa agora, com a minha sorte ele provavelmente deve ser o cara” – pensou Lin escondendo o rosto com a mão.

Velho: “Cadê minha garrafa?” – Continuava procurando.

Lin: “Escuta vovô, por acaso você é o Vovô Tartaruga? Sabe como se chega na Ilha das Tartarugas?”

Velho: “Aah... Aposto que você ouviu alguma coisinha sobre lá, hein? Sobre os tesouros maravilhosos escondidos... Tesouros capazes de comprar até as calças da realeza de Midgard! Tantas coisas valiosas, inestimáveis, hein? E também a rara poção que pode, escuta essa: Aumentar a expectativa de vida de um homem até o nível da de um elfo!”

Lin: “Ahn...? Elfo? Mas eu...”

Velho: “É, você ouviu, elfos. Orelhudos, loiros, meio chatos, coisa e tal. Eles não vivem por anos, coisa fofa, eles vivem por ERAS! Hehehehe...”

Lin: “Ta certo, mas então você realmente é o Vovô Tartaruga?”

Vovô Tartaruga: “Sim, claro que sou.”

Lin: “Então você sabe o caminho pra chegar lá?” – A esperança retornava à Lin.

Vovô Tartaruga: “Oh, sim... Há muitos rumores e lendas sobre a Ilha das Tartarugas... Heheh... Alguns até devem ser verdadeiros. Mas sabe, ninguém está muito certo sobre a localização dela... Ou mesmo se ela existe!”

Lin: “Não me diga?” – Debochava Lin fazendo cara feia já pensando em que caminho tomaria para retornar a guilda dos Mercenários.

Vovô Tartaruga: “Quer dizer, quase ninguém. Alguns sonharam com ela, mas nunca a encontraram... hehehe... A ilha das tartarugas assombrou muita gente, alguns foram à sua procura e morreram no mar! Porém, eu não sou um desses...” – Lin demonstrava expanto.

Lin: “Então você esteve lá?!”

Vovô Tartaruga acenou com a cabeça e disse: “Eu sei algo que eles não sabiam. Eu sou só um velho lobo do mar, mas gosto de compartilhar o que sei com uma alma impetuosa. Se você mostrar que tem raça e o espírito de aventura...”

Lin com cara de chateada: “Eu não tenho nenhuma bebida vovô.”

Vovô Tartaruga: “Droga!”

Lin: “Qualé, eu passei a tarde toda atrás de você, me ajuda vai? Prometo que da próxima vez que eu passar por aqui te trago algo pra beber.”

Vovô Tartaruga: “Bem, não vejo porque não te ajudar.”

“Que velho pau d’água, ele só tá afim de bebida” – Pensou Lin.

Vovô Tartaruga: “Uma coisa afinal, é achar a Ilha das Tartarugas, outra bem diferente... É sobreviver a ela. Hahhhahaaa. *BUUURP*”

Lin se assustou com a declaração do velho e pensava. – “Não pode ser tão difícil assim, alguns mercenários e monges retornaram da Ilha, mas pensando bem... Não me indicaram ninguém que tenha retornado na guilda para me ajudar. Isso não pode ser bom.”

Olhando em volta a algoz percebeu vários recortes de jornais antigos pregados na parede, todas matérias sobre aventureiros do mar. Notou também cartas em cima da mesa.

Lin: “Eu não sou como as outras pessoas.” – Disse dando uma piscadinha para o ancião.

Vovô Tartaruga: “HeHeHe... Eu gosto desse olhar, não é como o dos idiotas que aparecem por aqui... É, você parece ter alguma coisa de especial... HeHeHe. Eu te conto algumas coisinhas sobre a Ilha das Tartarugas... Heheh.

Algumas décadas atrás... um homem passou por essa cidade. Ele já era conhecido como um dos mais destemidos aventureiros de todo o reino. Seu nome era ‘Jonadan Niliria’.
Assim que ele pisou em Alberta todos já podiam adivinhar seu próximo destino. Sim, Jonadan, acompanhado de um grupo de dez valentes companheiros... Planejavam zarpar em busca da Lendária Ilha das Tartarugas!”

Lin: “Não imaginei que a ilha fosse tão antiga... É meio óbvio que ele estava indo pra lá né? Afinal de contas esse é o assunto da conversa.”

Vovô Tartaruga: “Hã... Tá, eu admito que estava na cara. Mas como quem está contando a história sou eu, eu conto como quiser, e você trate de ouvir!” – Disse aborrecido.

Lin: “Tá bom... Tá bom... Que sensível!”

Vovô Tartaruga: “Como eu ia dizendo, eles partiram em busca da Ilha das tartarugas... Porém, mesmo destemido e habilidoso como era, Jonadan não tinha muita idéia de como chegar lá... Então eles saíram pelo mundo.”

Lin: “Eles zarparam sem nem saber o caminho?” – Replicou espantada.

Vovô Tartaruga: “Isso aí. Subiram no barco e partiram. Procurando pistas, mapeando ilhotas e recifes... Pode parecer idiota, mas eles sabiam o que estavam fazendo...”

Lin: “Não me parece muita esperteza fazer uma coisa dessas... Mas então eles sabiam como se virar no mar certo?”

Vovô Tartaruga: “Oh sim, sabiam muito bem... Afinal a ilha não ia se achar sozinha, o jeito era procurar.”

“Eu não tenho tempo pra virar uma aventureira do mar, preciso achar alguém que saiba o caminho.” – Racionalizava Lin enquanto o velho continuava o relato.

Vovô Tartaruga: “Eles não se desesperaram em momento algum, simplesmente seguiam em frente. As buscas eram muitas vezes infrutíferas, mas ainda assim, havia progresso.”

Lin: “Como assim?” Vovô Tartaruga: “Jarros, estranhas estátuas, runas entalhadas em templos esquecidos e túneis submersos... Sim, existiam indícios da existência da ilha. Existia esperança, e eles eram Homens determinados. Não como essa molecada de hoje... Achando que algumas habilidades de segunda mão vão fazê-los invencíveis. BáH!”

Ao perceber que a noite já caía Lin apressava o idoso.

Lin: “E o que aconteceu com eles? Alguém pode me ajudar a achar o caminho?”

Vovô Tartaruga: “Eram todos homens fortes, praticamente invencíveis! É claro que o próprio ‘Jonadan Niliria’ era o mais forte de todos. Nunca se viu um lutador como ele, o Golpe Fulminante Mais Forte já visto!”

Lin: “Então ele era um cavaleiro?” – *Grande coisa* imaginava diante do exagero do idoso.

Vovô Tartaruga: “Isso mesmo! Viu o que eu quis dizer com Habilidades de segunda mão? Hehehe... Não existia um guerreiro hoje que pudesse lutar com ele e sair vivo. Ele pegava flechas em pleno ar com suas mãos! E além de tudo era um grande mago e curandeiro!”

“Era um guerreiro experiente afinal de contas” – Raciocinava a jovem.

Vovô Tartaruga: “Eu ouvi relatos de suas habilidades em batalha não conhecerem limites... Ele era capaz de Curar seus companheiros com uma mão, enquanto com a outra brandia sua espada! Não se vê muita gente capaz disso hoje em dia... Com aptidões tanto físicas quanto místicas...”

Lin: “Er... Bem...” – Hesitava pensando no comércio que acontecia no mercado negro de Prontera onde equipamentos totalmente únicos eram vendidos pelos corruptos que defendiam essa prática como “um progresso inevitável”.

Vovô Tartaruga: “Se não quiser acreditar, não acredite, é assim que ele era... Quer dizer, que dizem que ele era.”

Lin: “Ei, espera ai. Você nem conheceu o sujeito?!”

Vovô Tartaruga: “Bom, uma coisa é certa, fosse ele como fosse foi ele quem finalmente encontrou a ‘Ilha das Tartarugas’. Sim, após quase 10 anos de buscas em alto mar e na terra... Enfrentando criaturas horrendas e ameaçadoras e jurando nunca desistir, ele a encontrou.”

Lin: “Pelo menos o que você tá contando é verdade?” – Disse indignada.

Vovô Tartaruga: “Verdade verdadeira. A ilha das Tartarugas existia. Eles ficaram perplexos. Sabe, mesmo procurando por tanto tempo, às cegas, alguns dos tripulantes ainda duvidavam de sua existência. A verdade é que tão logo eles pisaram na ilha... Bem, as coisas começaram a dar errado.”

Lin: “Como assim errado?”

Vovô Tartaruga: “Eu não sei lhe dizer exatamente o que aconteceu, eu não estava lá, oras. Mas alguma coisa séria ocorreu com aqueles homens. E tinha que ser muito séria mesmo, afinal estamos falando de ‘Jonadan Niliria’.”

Ao ouvir isso Lin revirou os olhos.

Vovô Tartaruga: “Fato é que nunca mais ouviu-se falar dele e sua tripulação. Alguns dizem que eles morreram... Outros que uma maldição os prendeu ali e eles lá devem continuar pra sempre.”

Lin: “O que você acha disso tudo vovô?”

Vovô Tartaruga: “Eu não estou certo do que foi... Sim, eu sei o que você está pensando... Como eu posso saber de tudo isso se eles não voltaram?”

Lin: “É né...”

Vovô Tartaruga: “Eu simplesmente sei, não é da sua conta.”

Lin: “Daí sua fama né sabichão? Você conta histórias só pra por banca de sabe tudo, mas na verdade não sabe de nada.” – Revoltada o acusava.

Vovô Tartaruga: “A verdade é que eu não sou o único que sabe de coisas à respeito... Procure por um homem no porto daqui de Alberta... No lado leste dele. Há um estudioso que está sempre ali. E ele pode te ajudar em mais alguma coisa a respeito.”

Lin: “Então tem mais gente pra confirmar essa sua história?” – Lin irritava cada vez mais o velho bêbado com sua desconfiança.

Vovô Tartaruga: “Sim, ele sabe coisas da ilha das Tartarugas também. Eu diria até que ele pode te dar algum conhecimento, como direi... Mais ‘específico’... Sobre a ilha das Tartarugas.”

Lin agradecia o idoso e saia quando ele gritou:

Vovô Tartaruga: “Ah! Mais uma coisa. Peça a ele pra dar uma olhadinha em um item que ele achou, um Diário. Tenho certeza que você vai achar interessante. Agora vá. E tenha cuidado... *BUURRP*”

Enquanto saia da estalagem Lin pensava: “Que absurdo, as pistas da ilha se baseiam em lendas e disse me disse. Dessa forma nunca vou acabar essa missão a tempo de voltar para minhas obrigações.”

Voz misteriosa: “Fico impressionado como você pode ser uma algoz agindo dessa forma, como uma amadora.”

Lin olha para um canto escuro e vê Kidd, um algoz que participa das investigações junto com ela a respeito da organização.

Lin: “Esse é meu diferencial, ser invisível e mortal nem sempre ajuda quando se quer descobrir as coisas.”

Kidd: “Pode ser, mas não me parece estar te ajudando muito.”

Lin: “O que você quer aqui Kidd?”

Kidd saiu das sombras, estava trajando uma armadura de guerra dos algozes, feita com ossos e laminas.

Kidd: “O líder me encarregou de cuidar dos seus serviços enquanto você vinha brincar de caçar tartarugas.”

A algoz o encarava séria.

Kidd: “Acredito que você deve ter achado tão estranho quanto eu ele te enviar pra cá.”

Lin: “Isso não importa, trabalho é trabalho, muito obrigada pela sua preocupação...” – Começava a caminhar para longe de Kidd.

Kidd: “Você já deve ter percebido que ninguém sabe nada de nada não é verdade?”

Lin parou, se virou e encarou Kidd dizendo: “O que você sabe sobre o que estou investigando?”

Kidd: “Eu sei que não te contaram tudo o que sabem.”

Lin: “Do que você está falando?”

Kidd: “Aparentemente da pra se contar nos dedos das mãos as pessoas que voltaram com vida da ilha. Quando fiquei sabendo que te mandaram pra cá suspeitei que você também estivesse achando estranho. A questão é se você for sozinha também pode não voltar.”

Lin ficou séria ao ouvir isso.

Lin: “Por que a preocupação? Veio me impedir?”

Kidd: “Temos um serviço a terminar lá e não quero ter que treinar outra pessoa pra isso por causa de amadorismo seu.”

Lin: “Ora seu...”

Kidd: “Eu consegui descobrir alguém que voltou da ilha.”

Impressionada com o que escutava retrucou: “Quem? Mas nem a guilda me deu tal informação.”

Kidd: “Isso porque ele se rebelou a guilda. Ainda ajuda ocasionalmente, mas na verdade só faz o que quer. O líder da guilda tem uma relação de amor e ódio com ele bem curiosa. Apesar de ser considerado um desertor, ele não teve a cabeça a prêmio como deveria.”

Lin: “E quem é ele?”

Kidd: “Um algoz, se chama Dimytri. Ele esteve na expedição mercenária para a ilha no passado. Não consegui descobrir mais ninguém que tenha voltado além dele. Fiquei sabendo que ele esteve em Prontera a um dia atrás.”

Lin: “Como descobriu isso?”

Kidd: “É assim que um algoz de verdade trabalha.” – Disse arrogante enquanto andava até sumir na escuridão da noite.

Lin sorrindo coloca a mão entre os seios e retira uma das cartas que estavam na mesa do Vovô Tartaruga e diz baixinho: “Todos temos nosso jeito de descobrir as coisas...”

Menestrel Basära Rômani
Ano da descoberta de Moscóvia
 
 
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